Celebrado a 21 de Fevereiro, o Dia Internacional da Língua Materna, instituído pela UNESCO em 1999, promove a diversidade linguística e cultural. A língua é mais do que um meio de comunicação: reflete a identidade, a história e os valores de um povo, preservando a sua memória colectiva.
Angola tem o português como língua oficial, mas o seu património linguístico é enriquecido por cerca de duas dezenas de línguas nacionais, destacando-se seis com maior expressão: quicongo (ou kikongo), quimbundo (ou kimbundu), chocué (ou tchokwe), umbundo, mbunda e cuanhama (kwanyama ou oxikwanyama).
Num mundo cada vez mais interligado, preservar a língua materna é essencial para manter a diversidade cultural e reforçar o sentido de identidade e pertença. Além de ser um pilar da coesão social, a valorização das línguas nacionais impulsiona o desenvolvimento sustentável, promovendo a educação, dinamizando a economia e fortalecendo a posição de uma nação no cenário global.
O Meu Testemunho: A Aprendizagem da Língua Kwanhama
Sou natural da Môngua, uma vila e comuna do município do kwanhama, província do Cunene. Cresci num ambiente onde a língua kwanhama estava sempre presente. Desde muito cedo, aprendi a falar kwanhama antes mesmo de aprender a falar português.
Era a língua que ouvia o tempo todo em casa, nas conversas entre familiares e vizinhos. As palavras fluíam naturalmente, sem esforço, e eu sentia-me parte daquela cultura e daquela tradição.
Ao ingressar na escola, o contacto com o português tornou-se inevitável, mas nunca senti que a minha língua materna estivesse em segundo plano. Se, por um lado, aprender português foi um processo enriquecedor, por outro, falar kwanhama era algo instintivo, parte da minha essência.
Hoje, sinto-me privilegiada por ter crescido num ambiente bilíngue, pois isso permitiu-me compreender e valorizar tanto a riqueza da minha língua materna como a importância do multilinguismo.
Neste Dia Internacional da Língua Materna, reitero a necessidade de proteger e promover as nossas línguas nacionais. São elas que guardam a nossa história, a nossa identidade e a nossa visão do mundo.
E posso dizer com orgulho: Elaka letu, olo oufemba wetu (Nossa Língua, nossa identidade)!
Por: Rogaciana Tekuleinge